BONO ESPECIAL
GERAL

 

COMANDANTE DA MARINHA

 

 

                                                                BRASÍLIA, DF.

                                                  Em 29 de fevereiro de 2012.

 

 

Assunto:   Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF)

 

Meus Comandados!

Este é um momento de grande pesar para a Marinha do Brasil e para todos os homens e mulheres que compõem esta Força. O incêndio ocorrido na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), que vitimou o Suboficial (EL) Carlos Alberto Vieira Figueredo e o Primeiro-Sargento (EL) Roberto Lopes dos Santos; e provocou ferimentos no Primeiro-Sargento (MO) Luciano Gomes Medeiros, atingiu a todos nós.

 

O incêndio na Praça de Máquinas, local onde ficavam os geradores de energia da EACF, iniciou-se por volta de 2h (horário de Brasília) de sábado (25/02). Ao tomarem conhecimento do fato, os 15 integrantes do Grupo-Base, militares responsáveis pela manutenção e operação da Estação, prontamente iniciaram o combate ao incêndio.

 

O militar ferido foi removido para a Estação Arctowski, da Polônia, para receber os primeiros socorros e, posteriormente, para a Base Eduardo Frei, do Chile. Atualmente, encontra-se no Hospital Naval Marcílio Dias, onde permanece em tratamento e observação, com estado de saúde estável.

 

Os 30 pesquisadores, um alpinista que prestava apoio às atividades de pesquisa, um representante do Ministério do Meio Ambiente e os 12 funcionários do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, que estavam na Estação no momento do acidente, foram transferidos por helicópteros chilenos para a Base Eduardo Frei, de onde partiram em aeronave da Força Aérea Argentina para a cidade de Punta Arenas, no Chile. Todos chegaram ao Brasil, na madrugada do dia 27 de fevereiro, transportados por aeronaves da Força Aérea Brasileira.

 

No dia do acidente, o Chefe da EACF e mais três integrantes do Grupo-Base retornaram à Estação para uma avaliação inicial, constatando que, aproximadamente, 70% das instalações foram destruídas pelo fogo. O prédio principal da EACF, onde ficavam a parte habitável e alguns laboratórios de pesquisas, foi completamente atingido pelo incêndio. Permaneceram intactos os refúgios (módulos isolados para casos de emergência); os laboratórios de meteorologia, de química e de estudo da alta atmosfera; os tanques de combustíveis; e o heliponto da Estação, que são estruturas isoladas da principal.

 

Os peritos da Marinha já embarcaram para Antártica, a fim de analisar o ocorrido e as causas que originaram o incêndio.

 

Perdemos dois bravos marinheiros, verdadeiros heróis, que se empenharam no combate ao incêndio, com o sacrifício de suas próprias vidas. Homenagens Póstumas foram prestadas a esses militares, em Cerimônia Militar realizada na Base Aérea do Galeão, na manhã do dia 28 de fevereiro, ocasião em que foram promovidos ao posto de Segundo-Tenente e admitidos na “Ordem do Mérito da Defesa”, além de receberem a “Medalha Naval de Serviços Distintos”.

 

 

A Marinha tem prestado total apoio aos familiares dos militares falecidos e do ferido, nesse momento de extrema dor.

 

A Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM) começou o planejamento da reconstrução da nova EACF, importante pólo de pesquisas em que o Brasil vem contribuindo de forma significativa para o futuro do Continente Antártico.

 

Vale ressaltar, que o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) é um Programa de Estado, por isso as pesquisas científicas continuarão, no que for possível, por meio dos recursos disponíveis, no NPo ”Alte Maximiano”, no NApOc “Ary Rongel”, nos laboratórios, abrigos, refúgios e acampamentos, que não foram danificados.

 

O Brasil, embora sendo um País tropical, é respeitado, em âmbito internacional, pelo trabalho científico que desenvolve, naquela região gelada, coordenado pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), colegiado composto por 18 Ministérios e Instituições governamentais. Além disso, o PROANTAR permite à Marinha, com o apoio da Força Aérea Brasileira, realizar, anualmente, uma das maiores operações de apoio logístico em termos de complexidade e distância.

 

A experiência acumulada durante os 30 anos do PROANTAR, os 28 anos de operação ininterrupta e exitosa da EACF, assim como o estudo detalhado das causas do incêndio, certamente serão imprescindíveis no projeto da nova Estação, que a Marinha pretende construir a partir da próxima Operação Antártica, a OPERANTAR XXXI.

 

 

 

 

                                                   JULIO SOARES DE MOURA NETO

                                                      Almirante-de-Esquadra

                                                      Comandante da Marinha

Postado por: Lucio Lucena